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​Muito mais que um Corretor de Serviços de TI

*Leonardo Carissimi

O conceito usualmente mais aceito para Nuvem Híbrida dá conta de que este é um ambiente de Computação em Nuvem que combina duas ou mais plataformas de Nuvem (Privadas ou Públicas), independentes, mas que são apresentadas, consumidas e gerenciadas como se fossem uma única entidade. Esta camada de gestão que integra as diferentes plataformas tem recebido o nome de "Corretor de Serviços de TI" (IT Services Broker).

Contudo, acreditamos que as funções desempenhadas por esta camada de gestão vão muito além do papel de corretor. O dicionário diz que corretor é o "agente, intermediário de negócios cuja função consiste em aproximar as partes interessadas em determinada transação". Os exemplos mais comuns são os Corretores de Imóveis, Seguros e Ações. Faz sentido dizer que estes profissionais são mais do que intermediários e também atuam como consultores. Por exemplo, o Corretor de Imóveis ajuda o vendedor fazendo uma análise do valor do imóvel levando em consideração diversos fatores; identifica potenciais compradores pelo perfil de suas necessidades vis-à-vis os atributos do imóvel; apresenta-o aos compradores; provê informações e recomendações para suportar a tomada de decisões; apoia a negociação; e orienta no que diz respeito à documentação.

Acho que não cabe comparar mercados tão diferentes, mas perceba que se o termo "Corretor" já não é o melhor para quem aproxima as partes no mundo de imóveis, seguros ou ações, imagine para o contexto de Tecnologia da Informação. Note abaixo quais responsabilidades se esperam da camada de gestão em Nuvens Híbridas:

  • Recomendação de quais provedores e serviços usar para cada aplicação: Por um lado, requer conhecimento dos provedores e serviços disponíveis no mercado, suas características, preços, diferenciais etc.; por outro lado, requer conhecimento do negócio do cliente, as características das cargas de trabalho das aplicações, volumes, sazonalidade, recursos necessários etc.;
  • Consolidação de vários provedores e/ou serviços em um ponto único de contato: Unificar o acesso aos diferentes provedores e serviços por meio de um Portal integrado;
  • Criação de um Catálogo de Serviços único: Construir e manter no Portal os contratos guarda-chuva ("Master Agreements") com cada provedor de nuvem selecionado, garantindo preço e outros termos e condições. E, pelo lado do cliente, construir e manter uma lista dos perfis ou pessoas autorizados a consumir cada tipo de recurso computacional;
  • Integração: Integrar serviços de diferentes provedores, escolhendo o melhor serviço de cada provedor e construindo o melhor dos mundos. Por exemplo: se um provedor destaca-se pela sua oferta de IaaS (Infraestrutura como Serviço) e outro é imbatível na oferta de PaaS (Plataforma como Serviço), por que não integrar o melhor de cada um deles?
  • Extensão dos serviços, ao consolidar ofertas de diferentes provedores: Fazer com que o todo seja maior do que a soma das partes, ao adicionar funcionalidades que cada provedor ou serviço não poderia oferecer isoladamente. Por exemplo: mover cargas de aplicações entre diferentes provedores;
  • Customização: Customizar os serviços para necessidades especiais da indústria ou do cliente. Afinal, Computação em Nuvem tem por premissa básica a oferta de serviços simples e padronizados – é assim que se ganha escala, flexibilidade e preço competitivo. Mas, para usar esses serviços, muitas vezes se requer um nível de customização que o provedor pode rejeitar fazer ou, mesmo que o faça, pode não ser interessante contratar diretamente dele por uma questão de custo ou de independência (para evitar o "vendor lock in");
  • Governança: Gerenciar e garantir níveis de serviço de forma homogênea; medir o uso de cada recurso; acompanhar e consolidar as faturas (que de um único provedor pode ultrapassar 1000 linhas); dar visibilidade de custos por departamento; garantir que não se contratou capacidade excessiva e desperdício etc.;
  • Segurança e Conformidade: Assegurar que os controles de segurança estejam implementados e nivelados entre os diferentes provedores, em linha com o nível de risco definido pela organização;
  • Monitoramento integrado: Monitorar consolidando ferramentas, processos e depositórios de dados comuns a todos os provedores envolvidos, garantindo disponibilidade e segurança em quaisquer ambientes de forma eficiente;
  • Agregar valor: Assegurar maior agilidade, extrair o melhor de cada provedor, proteger a empresa, trazer à mesa experiências de sucesso e a adoção de melhores práticas.

Enfim, percebe-se que as funções acima excedem atividades de intermediação e consultoria. É muito mais que um Corretor de Serviços de TI. Mas não nos prendamos tanto à questão do nome: independente de como é batizada esta camada de gestão, o mais importante é se ter visibilidade das importantes funções que ela desempenha, pois estas são críticas para o sucesso de projetos de Nuvem Híbrida.

* Leonardo Carissimi é Gerente Sênior de Enterprise Solutions da Unisys para América Latina